15 de janeiro de 2011

Marta Medeiros
Em Topless, sem pudor algum, Marta Medeiros desnuda o dia-a-dia em 54 textos que revelam por que ela é conhecida como uma das mais importantes cronistas do Brasil. Ao olhar para o cotidiano, a escritora transforma o trivial em crônica, e a crônica em poesia da atualidade. Publicado primeiramente em 1997, a coletânea foi vencedora do Prêmio Açorianos de Literatura no ano seguinte.
Como grande observadora e poeta que é, Martha Medeiros analisa, comenta e traz para o debate todas as normalidades e esquisitices do homem e da mulher moderna, com suas neuroses e anseios, medos e expectativas, fazendo um verdadeiro retrato de nossa época. Comenta filmes e livros, fala sobre o medo da morte, destrincha as agruras e as felicidades do casamento, tudo numa prosa ágil e límpida.

Clarice Lispector
Entre maio de 1968 e outubro de 1969, já consagrada na literatura brasileira, Clarice Lispector manteve uma seção na revista Manchete, onde publicava entrevistas com figuras importantes da cultura do país. Sob um título condizente com o de boa parte de sua obra - 'Diálogos Possíveis com Clarice Lispector', a seção trazia um pouco do mundo dos amigos da escritora, que discorriam sobre diversos temas, pontuados com observações da especialíssima repórter, que voltou às entrevistas em fins de 1976, na revista 'Fatos e Fotos - Gente', na qual permaneceu até outubro do ano seguinte, dois meses antes de morrer. Algumas das conversas de Clarice estão em 'Entrevistas - Clarice Lispector' que, mais do que contar a vida e as opiniões de personalidades como Nelson Rodrigues, Ferreira Gullar, Emerson Fittipaldi, Oscar Niemeyer e Vinícius de Moraes, revelam muito da escritora e do comportamento da época. 

Jorge Amado

Jubiabá é uma narrativa em terceira pessoa ambientada na Bahia que conta a história de Antônio Balduíno(Baldo), protegido do pai-de-santo Jubiabá. Baldo, o protagonista, aliena-se, tornando-se um arruaceiro, chefe de grupode moleques e se esquece de seus ancestrais negros e das tradições de sua raça. Oprimido pela sociedade, lidera seu grupo, rouba e ao mesmo tempo cultua uma paixão por Lindinalva, moça branca, que pertence à fam´lia que o adota, portanto um amor impossível.As aventuras e desventuras de Baldo vão de menino de rua, vagabundo, sambista, boxeador, trabalhador rural,artista de circo, estivador do cais do porto até líder de uma greve de trabalhadores do porto.O romance engajado, onde a a ideologia política surge de maneira evidente através do proletariado, da luta de classes, da denúncia de uma crise, onde mostra a sociedade e as condições históricas do Brasil dos anos 30. Em Jubiabá, Balduíno é o roduto de uma sociedade injusta e esmagadora que após a morte de lindinalva, a sua amada,recupera sua liberdade e se irmana aos outros homens. A tomada de consciência do herói leva-o a participar do movimento grevista, assumindo uma postura ante as injustiças sociais de seu tempo. Já o pai-de-santo Jubiabá, é o retrato da Bahia, preserva as tradições de seus ancestrais negros através do sincretismo religioso que representa.N a trajet´ria de Antônio Balduíno, Jorge Amado vai construindo um painel da Bahia e consequentemente do Brasil. O Morro do Capa Negro, lugar onde vive Baldo menino, é pincelado em detalhes, a paisagem ganha cores e movimentos. A Bahia e sua cultura são descritas de maneira minuciosa, exótica e multifacetada.Vitorioso como líder grevista, Baldo vislumbra novos mundos, sonha em ser marinheiro e ganhar o mar porque acredita que embora escravos os trabalhadores lutam para se libertar, por conquistarem seus direitos.Baldo sonha em partir em um navio e liderar greves em todos os portos.